

Tempos modernos
“Mundo, mundo, vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima não uma
solução”
a - Solução, solução...!?
b - Solução é um soluço grande, né?
a - Não, solução é resolver um problema, pô!
Ugh! acho que o seu vasto mundo não tem solução, somente soluços!
b - Não,”peraí”. Vê se fica bom assim:
Mundo, mundo, vasto mundo
se eu fosse um vagabundo seria
uma rima e uma solução.
a –“Peraí” você! Ser vagabundo não resolve os problemas do mundo, não é solução, é muito feio. O trabalho enobrece o homem!
b - Enobrece...? Você já viu algum nobre trabalhar, no duro? Quem será que inventou essa frase?
a - Pois é, hoje em dia estão inventando muita frases legais!
b - Certamente, e criando muitos mitos; Gostou? Muitos mitos! Vou até inventar uma bela frase e, quem sabe, em breve, um novo mito. Vai lá! “Se o trabalho me enobrece, quanto mais eu trabalhar mais nobre vou ficar”: Assinado, eu aqui, oh! Entendeu?
a - Entendi a grande mentira dessa bonita frase. É isso aí, se a gente não tiver cuidado e tempo para pensar, refletir, acaba por acreditar em falsas frases, em falsos mitos.
b - É preciso cuidado?
a - Certamente, antigamente...
b - Antigamente?
a - Antigamente, no tempo da minha avó havia tempo para tudo:
Tempo de flertar.
Tempo de namorar.
Tempo de noivar.
Tempo de casar...
b - Tudo isso hoje, é tempo de ficar.
a - Tinha também tempo de trabalhar.
Tempo de ouvir.
Tempo de falar.
Tempo de passear.
Tempo de descansar.
Tempo de visitar os amigos.
Tempo d escutar.
b - Não vamos perder tempo, não dá tempo; hoje é só trabalhar e ver televisão.
Jornal Nacional, Gugu, Faustão, trabalhar, futebol, trabalhar, trabalhar...ufa!
a - Antigamente ( no tempo da minha avó), tudo era ensinado e aprendido mais devagar...sem pressa.
Havia tempo para se sentir o cheiro, o peso, a temperatura das coisas, a cor, a beleza, os contrastes, o feio e o bonito.
Dava tempo de abraçar as idéias, os conhecimentos, as pessoas e aprender com tudo isso.
b - Ah! Mas hoje se pode ensinar tudo pela internet. Logo, logo, não haverá necessidade do professor. Ele já era. Vai ser deletado.
a - Pé, pé ... “peraí”. Deletar o professor? Hoje nos vivemos ”na era da comunicação” e do conhecimento. Mais do que em qualquer época, precisamos do professor, do educador.
b - Agora eu te peguei! Ah, ah!
Essa é mais uma frase bem feita que inventaram para nós e que está se transformando em mito!
“Civilização do conhecimento e da comunicação!”
Em nenhuma época as pessoas se comunicaram tão mal como agora, e nunca se conheceram tão pouco. O entendimento é cada vez mais difícil. Qual o papel do professor?
a - Eu não tenho duvida. Precisamos cuidar melhor do professor: estimulador e mediador do diálogo e do conhecimento. Precisamos cuidar melhor dos nossos alunos.
b - É, mas hoje a gente tem mais liberdade, não precisamos muito dos professores para aprender! Hoje se vive muito melhor.
a - Quantas pessoas vivem melhor?
Quem vive melhor? O que é viver melhor? Será simplesmente ter liberdade e se esconder do “vasto mundo”, construindo cada qual o seu mundo particular?
Liberdade de cantar e dançar a música que os outros, não tão bem intencionados, colocam na vitrola?
b - Assim não dá. Você olha e somente vê o lado ruim das coisas e do mundo! Nós também temos a liberdade de dizer sim ou não, mas é preciso saber escolher e intervir. Você não acha que está na hora de ter coragem para compor a nossa música e acertar a direção dos nossos passos?
Você não acha que, se a escola SOUBER CUIDAR de tudo isso, construiremos um mundo melhor?
a - É verdade, mas saber cuidar dá trabalho.
b – Pois é, eu acho que você tem razão! Acho que precisamos refletir juntos. Precisamos de um novo olhar. De um novo partilhar, enfim, de um novo fazer!
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Precisamos de uma nova esperança que certamente exigirá novas atitudes e comportamentos... Um novo compromisso.
b - acho que precisamos da cooperação de muitos, de todos, para mudar o mundo. A começar do nosso mundo.
Precisamos de rostos alegres que reflitam almas boas.
a/b- Precisamos de um novo ritmo. Precisamos fazer a festa da vida, para que ela seja vida- vida. Vida mesmo. E não uma arte de morrer.
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