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Brincadeira

Era um caminho sem fim,

Daqui pra lá,

De lá pra cá,

Da esquerda para a direita,

Braço levantado, giz na mão e, aos poucos,

A lousa ia ficando cheia de lições.

 

Depois, era um caminhar trabalhoso entre as carteiras,

Com idas e vindas em todas as direções,

Verificando palavras,

Acertando contas,

Refazendo desenhos ou

Dando novas formas aos rabiscos e às ideias.

 

Muitas vezes, juntavam-se as carteiras da classe

Para afastar a desatenção,

As divergências,

O comodismo,

A intolerância,

Favorecendo a troca de ideias,

Aparando arestas nos conflitos e

Promovendo o entendimento e conclusões partilhadas.

 

A classe era a mais animada da escola,

Muitas vezes, barulhenta.

P s i i i i i u.. Olha a Diretora!

Não havia festinha sem a participação

Dos alunos de Dona Benedita e dos seus pais

Que sempre iam ver e aplaudir os filhos.

-Minha filha é muito talentosa. Você “ouviu ela” cantar no coral?

-Que bela voz ela tem, não, diziam uns!

-E o Joãozinho, embora meio desajeitado... é uma revelação,

Comentavam outros!

 

Durante o recreio era comum ver Dona Benedita

Sentada em um banco, no pátio,

Rodeada de crianças; dividindo lanche,

Conselhos e atenção. Aprendendo a compreender

gestos, falas e sentimentos.

Quando algum aluno tinha dificuldades com qualquer

Conhecimento, lá estava ela, lado a lado,

Inventando mil maneiras de ajudá-lo a aprender.

 

Dona Benedita era uma pessoa simples,

Não tinha o pensamento emaranhado de dúvidas

ou o coração perturbado pela desesperança.

Nem uma erudição rebuscada e desnecessária

Que pudesse envenenar o seu pensamento.

Seu comportamento era espontâneo e alegre,

iluminado por uma alma boa.

Não cultivava cuidados excessivos com as crianças

pois acreditava no tempo propício de todas as coisas.

O pouco tempo que lhe sobrava em casa,

Era para estudar e preparar a aula do dia seguinte.

Mas ela tinha um grande sonho, cotidianamente acalentado:

queria ser uma “ professora de verdade”

pois não pode concluir o seu curso de graduação.

Começou a trabalhar muito cedo para ajudar em casa.

Ela admirava Dona Luiza.

Dona Luiza lutou muito para chegar aonde chegou. Era formada

por uma escola famosa. Era culta e estava sempre à par

das últimas novidades relacionadas com a educação.

 

Um dia, ao chegar à escola, Dona Benedita foi chamada

para conversar com a Diretora.

Ficou preocupada! Será que vou perder

a minha classe de substituição, pensou?

-É o seguinte, Dona Benedita:- A classe foi para a escolha

e agora, uma professora efetiva vai assumi-la.

Dona Benedita ficou triste por ter que deixar a “sua classe”

os “seus alunos”, mas feliz, porque sabia que as crianças

estariam, de agora em diante, nas mãos competentes

de uma professora efetiva, diplomada.

E ela , também, agora com um pouco mais de tempo,

ia poder, quem sabe, completar o seu curso e ser, finalmente

“uma professora de verdade”.

 

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A festinha de despedida de Dona Benedita foi muito bonita.

Alunos cantando, pais agradecidos, colegas solidários...

e o inesquecível bolo de chocolate feito pela Cidinha,

merendeira da escola , e muito suco de acerola colhida, na hora,

no quintal da vizinha.

Dona Benedita ficou muito emocionada quando os alunos

lhe entregaram uma lembrança em folha de cartolina, bem enroladinha e preso com fita vermelha.

-É um diploma, Dona Benedita, nós é que fizemos...

É para que a senhora não se esqueça da gente.

 

E Dona Benedita leu

À nossa “Professora de Verdade”. com muito amor:

seus alunos,

Pedrinho, Luis, Judite, Mariazinha, Regina , Cidinha, Fernando

Paulo, Tereza, Lourdes, Vânia, Helena, Martinha, Daiane, Toninho, Fátima, Joãozinho, Sergio, Jeferson, Helenice, Pedrão, Patricia, Mariana, Gabriela, Luiza, Marli, Mateo, Giovana, Bruno, Sueli,

Carlos, Carmo, Ricardo, Nancy, Alessandra, Sandra.

 

Não há dúvidas, certamente Dona Benedita era uma

professora de verdade.

CONTE SUA ESTÓRIA

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