

Desencanto
É um tempo que não para de passar – é como chuva de verão, passa rapidinho
Parece a vida da gente, a cada momento um sopro forte,
uma” rajada de vento” levanta e espalha, no chão da memória, folhas pra todo lado.
Chega de repente – lembranças – Molha tudo
e logo vai embora.
Deixa essa saudade dolorida escorrendo desejos...
Deixa a vontade de ser encharcado pela afeição do seu olhar
Desejo de ser olhado.
Desejo de ser gostado.
Desejo de ser livre: não precisar, sempre,
corresponder às expectativas do mundo lá de fora.
Não ser cobrado.
E como a vida sabe cobrar!
Quero poder abrir o coração e falar:
meus problemas
meus sonhos
minhas limitações
minhas dúvidas
minha incompletude
Escuta ao menos uma vez!
Deixa de lado o modelo imaginado, aquele que nunca fui.
Atenta para a fragilidade da vida.
Vê se consegue, novamente:
ser companheira
ser apoio
ser ouvinte
ser cúmplice
ser parceira
Deixa de lado a lida diária.
Deixe:
o lavar das louças
o almoço
a criançada
o telefone
a TV
a amiga
Vem... fica comigo:
vem se aconchegar nos meus braços
Vamos resgatar o tempo
de ternura, carinho, amor
Não deixe esse tempo passar.
Pois é, infelizmente, o tempo que não para de passar!