

A grande pescaria
Samuel era um bom menino. Ele era muito esperto e estudioso, mas às vezes fazia algumas artes.
Naquela manhã de domingo ele acordou bem cedinho. Em casa, todos ainda estavam dormindo, tudo estava silencioso.
Acho que vou ficar um pouco mais na cama, pensou. E ficou bem quietinho, escutando todos os ruídos e sons que vinham lá de fora.
O sítio do Titio era um lugar muito agradável. Nele, a passarada só parava de fazer algazarra ao anoitecer. Aí então, começava o tagarelar dos sapos e rãs, das corujas e de toda a bicharada que gostava de passar a noite conversando.
Mas foi então que o galo Januário cantou:- cócórócócóóóóóóó
Lá no galho da goiabeira, seu poleiro favorito, procurando acordar toda a vizinhança e anunciando um novo dia. Toda passarada fazia muito barulho em busca do primeiro alimento do dia.
O vento soprava forte e fazia assobiar as frestas do telhado e ramos das árvores. Parecia até querer conversar com a gente.
Dia bonito, cama quentinha, dá vontade de dormir mais um pouquinho.
Dia bom para uma pescaria, pensou Samuel.
O rio ficava ali pertinho, atrás do pomar. Ele tinha muitos peixes.
Que boa idéia, que grande idéia... vou pescar!
Que soninho... acho que vou ficar mais um pouco.
O café da tia Amélia estava cheiroso e o bolo de fubá, imagino, deve estar melhor ainda, pensou.
Samuel se levantou de mansinho e foi pegar as tralhas para a pescaria; anzol, linha, as varas de bambu que titio guardava lá no rancho. Pegou também um chapéu de palha, um pedaço de pão com manteiga e duas bananas para poder matar a fome até à hora do almoço.
Minhoca eu pego no caminho, no canteiro de alface, pensou.
O dia estava ensolarado, quente, mas à sombra daquela árvore e o vento soprando no rosto, a sensação era refrescante.
Já fazia mais de uma hora que Samuel esperava, e nada. Nenhum peixe mordia a isca.
Às vezes, uma pescaria fica chata, monótona, dá até vontade de dormir.
Os olhos de Samuel já estavam pesados... pesados.
De súbito, a puxada foi tão forte que a vara quase lhe escapou da mão.
Deve ser um peixe de mais de dois quilos, pensou. Foi uma luta danada para tirar o bicho da água. Samuel até pensava no belo peixe assado que Tia Amélia iria fazer.
O peixe em uma grande bandeja, batatas em volta, cebolas, muitas cebolas e alface saindo pelos lados de bandeja.
A fome que ele sentia até deixava o peixe mais apetitoso. Parecia até que estava escutando a voz de Tia Amélia chamando para o almoço:- Samuel...Samuuuuuuuellllll.
Acorda menino, você parece que está sonhando. Venha tomar café e comer um pedaço de bolo de fubá e depois fazer a lição da escola. Amanhã é segunda-feira, dia de aula.
Que pena, pensou Samuel, logo agora que eu estava pescando um peixe desse tamanho.
Pois é, tudo não passou de um sonho.
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