Era uma noite fria de junho, noite de São João. Lá no terreiro, a fogueira iluminava tudo à sua volta.

A lida da roça já tinha terminado e o pessoal da vizinhança ia chegando e proseando.

A meninada, agachada em volta da fogueira, tirava batata doce bem queimadinha por fora mas deliciosa por dentro.

-Não chegue muito perto, Joaninha, tá muito quente, cuidado pra não se queimar.

Todos sorriam de alegria.

De vez em quando a fogueira dava um grande estalo e voava fagulhas para todos os lados.

-Cuidado Zeca!

Lá dentro da tuia a dança já havia começado.

Os casais dançavam.

Os mais jovens esperavam para ter um pouco mais de coragem, e davam uma bicadinha num copo de aguardente que passava de mão em mão.

As moças, em um canto do salão, cochichavam, arrumando os cabelos ou acertando os vestidos.

Os mais velhos conversavam.

Era um encontro muito alegre, de velhos companheiros.

-Parece que este ano vai fazer mais frio!

-É,logo vai gerar na baixada do alemão, vai queimar muita plantação.

-E o preço do feijão na cidade, como está? Será que vai compensar o nosso trabalho?

E Maria Rita, ela não vem, comentavam os mais jovens.

Maria Rita era a cabocla mais bonita daquelas bandas.

José esperava. Será que ela recebeu o bilhete que mandei?

José esperava. Que demora!

Finalmente ela apareceu. Chegou toda alegre e sorridente. Seu jeito simples encantava a todos. O seu vestido de chita estampado de flores aumentava a sua graça de mulher jovem e sadia.

Ela sabia que era bela.

A festa continuou.

Os violeiros caprichavam nos acordes. O sanfoneiro se entusiasmou e o baile se animou.

Logo a quadrilha se formou.

Maria Rita viu José e sorriu.

José, feliz, formou par com ela.

E dançaram a noite toda. E conversaram.

E se gostaram. E se comprometeram.

E se amaram.

E quando a madrugada chegou, de mãos dadas,

José acompanhou Maria Rita até a sua casa.

Noite fria de São João.

Noite feliz.