

Neco
Neco saiu bem cedo pra ir na roça.
Era um dia chuvoso, abafado… Quente!
Levava no embornal um pouco de pão e
na marmita a carne seca que sobrou da janta.
Água não faltava pelo caminho.
Deixava Maria cuidando da casa. Cabocla sacudida, pau prá toda obra, companheira e amiga.
Ela já tinha aprontado a criançada pra escola, o mais velho ia ficar tomando conta do terreiro e da criação
Neco era feliz.
Maria era feliz
-Você traz um pouco de milho pro jantar...! No sítio do Barbosa tem! Pede algumas espigas ou vê se arruma alguma caça.
O tempo e as dificuldades enfrentadas, tinham unido Maria e Neco.
Os filhos que iam chegando ajudavam a alicerçar aquele amor.
Voltar pra casa à tardinha, reunir todos para prosear e contar as novidades, um tempo de alegria e de cultivar a solidariedade, os compromissos, a fraternidade.
Neco era Feliz.
Maria era feliz.
A criançada era feliz.
Parecia até que, para aquela família, não era preciso muito para ser feliz.
Eles tinham o necessário.
Tinham tudo.