

O Jardim Encantado
Era uma bela noite.
A noite estava muito bonita e agradável.
A lua cheia iluminava todos os cantinhos do jardim.
As estrelas brilhavam e pareciam piscar lá do céu para a terra.
O aroma do jardim espalhava-se em todas as direções, alcançando cada cantinho.
Cheiro bom de terra.
Cheiro bom de plantas.
Cheiro bom de flores.
Você que está lendo esta história, quando for noite, vá até o jardim da sua casa e respire profundamente pelo nariz e sinta o cheiro bom da noite.
No jardim encantado, dona Margarida era uma linda borboleta. Ela dormia sempre, bem pertinho do seu Jasmim, debaixo das folhas de um pé de manacá. Seu jasmim era o companheiro de Dona Margarida. Eles já se conheciam há muito tempo e voavam sempre juntos. Eles se gostavam muito. Aonde ia um, aí estava o outro.
Mas aquela noite tinha sido especial, com todo aquele perfume,
com todo aquele luar!
Enquanto eles dormiam, o mundo ia girando...girando!
Girava, e a lua e as estrelas, devagarzinho, iam mudando de lugar, pareciam caminhar no céu.
O tempo foi passando e aos poucos, lentamente, elas foram desaparecendo no horizonte e o avermelhado do sol que nascia anunciava mais um dia.
-Você já olhou e observou o céu e notou que as estrelas, lentamente, “mudam de lugar”?
Um Belo Dia
O dia estava lindo!
O sol brilhava no céu iluminando a terra que, preguiçosa, começava a acordar.
No jardim encantado quase todos os bichinhos saiam dos seus ninhos ou de suas tocas para procurar algum alimento.
Quase todos!
Sim, quase todos, porque a dona coruja ficou a noite toda passeando e conversando com suas amigas e agora que o sol já apareceu, perceberam que estava na hora de dormir, porque seus grandes olhos estavam começando a arder.
Ainda bem que elas estavam bem perto de suas casas, assim, disseram um até logo rapidinho e cada qual foi dormir no buraco das árvores onde tinham feito os ninhos. Foi uma correria: - isto é, foi uma “voaria”, pois já era tarde, isto é , muito cedo.
Que bichinho diferente, não? Ficaram acordados a noite toda e agora que o dia está claro vão dormir?
Enquanto isso, lá embaixo, em um buraco no chão, seu ouriço, que estava dormindo com a família, bem juntinhos, abriu os olhos, acordou, e espreguiçou...mas, sem querer, cutucou com seus espinhos a dona ouriça.
Ai! ái! Januário, tome cuidado ( esse era o nome do seu ouriço) , você está me esperando, não dá pra ficar quieto?
De repente alguém gritou, lá no fundo da toca:
-Manhêêê, estou com fome! Era um dos filhotes, o Felé.
-Ái, para de me espetar Chulé!
-Não fui eu, foi o Cafuné!
Felé, Chulé e Cafuné eram os nomes dos filhotes de dona Ouriça. Eles eram ouricinhos.
Dona Jani, (era o nome da mamãe ouriça) ficou muito brava, pegou o chinelo e mandou que todos saíssem da toca para brincar lá fora e tomar um pouco de ar.
“ Pois é, ouriço tem que ficar um longe de ouriço senão um espeta outro”
Pouco tempo depois, toda a família foi passear pela floresta procurando sementes para comer.
Na frente ia o seu Janú, depois a dona Jani, em seguida Felé, Cafuné e finalmente Chulé. Assim, ninguém esperava ninguém.
No caminho encontraram o seu esquilo, grande amigo do seu Janú ( você tem bons amigos?)
Seu esquilo sabia onde ficava uma grande castanheira cheia de frutas.
Lá chegando fizeram uma grande festa, pois seu esquilo subiu na árvore, rápido como um esquilo e colhia a jogava para baixo apetitosas castanhas.
Aí então, todos, de barriguinha cheia, deitaram cada qual no seu cantinho e dormiram mais um pouco. Ninguém esperou ninguém.
Uma Nova Vida
Os dias foram passando e a dona Margarida, a borboleta, percebeu que a sua barriguinha ia ficando maior, mais estufadinha.
Ela sabia que era por que os ovinhos dentro dela, estavam crescendo.
Dona Margarida contou a novidade para seu Jasmim, seu companheiro.
Ele ficou muito contente e falou:
-Que bom, logo o jardim encantado estará cheio de lindas borboletas:- nossa vida será muito mais alegre.
Depois de alguns dias, a dona Margarida depositou os seus ovinhos bem grudadinhos, debaixo de uma folha, escondidinhos.
Os ovinhos eram verdes, como as folhas da árvore, assim nenhum bichinho poderia descobrir onde eles estavam e poderiam crescer em segurança.
O tempo foi passando e depois de uns três dias, de cada ovinho saiu uma pequena lagarta. Elas estavam com fome e começaram com as folhinhas da árvore onde estavam.
Dona Margarida achou as larvinhas muito bonitinhas; uns amores.
-Olha Jasmim, que lindas perninhas. E os olhinhos, parecidos com os seus.
Mas pouco tempo depois, se dependurou debaixo de uma folha e ficaram bem quietinhas. Finalmente, depois de doze dias, as pupas foram se abrindo e de cada uma delas saiu uma linda borboleta.
Foi uma festa na casa de dona Margarida e seu Jasmim.
Eles ficaram muito felizes e no dia seguinte levaram as borboletinhas para visitar todas as flores, plantas e recantos do jardim onde puderam fazer muitas amizades.
Mas uma das filhas de dona Margarida e seu Jasmim era muito diferente das suas irmãzinhas cujas asas eram de diversas cores. Ela tinha as asas inteirinhas de um azul da cor do céu. Ela se chamava Zuleide.
Um dia, ela estava muito triste por que era diferente das outras irmãs, mas dona Margarida chamou-a para conversar em um cantinho do jardim e disse-lhe:
Todas as borboletas são diferentes uma das outras, mas você Zuleide, é ainda mais diferente mas é tão bela como as suas irmãzinhas e nós a amamos muito.
Zuleide ficou muito contente e não pensou mais nisso.
O tempo passou e ela foi crescendo, crescendo. Um dia, estava trabalhando, muito distraída, sobre uma linda rosa – transportando pólen de uma flor para outra.
Ela percebeu que ao seu lado havia outra borboleta.
Era uma linda borboleta macho, toda amarela, diferente das que moravam no jardim.
-Olá, borboleta azul, como vai você? Eu me chamo Dourado porque sou todo amarelo, e você, qual é o seu nome?
-Eu me chamo Zuleide porque sou toda azul.
Eles conversaram muito tempo e ficaram muito amigos.
Um dia Dourado disse para Zuleide:
Você é a borboleta mais linda que eu conheço; é a mais linda do Jardim Encantado!
-Eu também acho você, Dourado, a borboleta macho mais linda do Jardim.
Desse dia em diante os dois eram vistos sempre juntos no Jardim Encantado.
Eles eram alegres e felizes, voavam todos os dias por todas as flores do Jardim.
Formavam um lindo casal.
Um belo dia, Zuleide percebeu que a sua barriguinha estava ficando um pouco maior e contou a novidade para Dourado.
Passou algum tempo e o Jardim Encantado estava mais enfeitado com muitas borboletas de asas azul e amarelo
Era uma família feliz.
Assim viveram por muito tempo.